Biologia na nossa vida

A biologia faz parte do nosso dia a dia, então nada melhor que aprendermos mais, é fácil e gostoso.
Preparado?

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Carta ao inquilino

Senhor morador,
Gostariamos de informar que o contrato de aluguel que acordamos há bilhões de anos atrás está vencendo.
Precisamos renová-lo, porém temos que acertar alguns pontos fundamentais:
1.Você precisa pagar a conta de energia. Está muita alta! Como você gasta tanto?
2. Antes eu fornecia água em abundância, hoje não disponho mais desta quantidade. Precisamos negociar o uso.
3. Por que alguns na casa comem o suficiente e outros estão morrendo de fome, se o quintal é tão grande? Se cuidar da terra vai ter alimento para todos!
4. Você cortou as árvores que dão sombra, ar e equilibrio. O sol está quente e o calor aumentou. Você precisa replantar novamente!
5. Todos os bichos e as plantas do imenso jardim devem ser cuidados e preservados. Procurei alguns animais e não os encontrei. Sei que quando aluguei a casa eles existiam...
6. Precisam verificar que cores estranhas estão no céu! Não vejo azul!
7. Por falar em lixo, que sujeira hein??? Encontrei objetos estranhos pelo caminho! Isopor, pneus, plásticos...
8. Não vi os peixes que moram nos rios e lagos. Vocês pescaram todos? Onde estão?

Bom, é hora de conversarmos. Preciso saber se você ainda quer morar aqui. Caso afirmativo, o que você pode fazer para cumprir o contrato?

Gostaria de ter você sempre comigo, mas tudo tem limite.

Você pode mudar?

Aguardo resposta e atitudes.

SUA CASA - A TERRA
                                                                                                                                 (anônimo)


2010 é o ano internacional da biodiversidade, se cada um fizer sua parte e começar a repensar sua atitude talvez possamos continuar usufruindo das maravilhas deste lindo planeta.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Níveis de organização da vida

O organismo é reunido em células que formam tecidos que se abrigam em órgãos que juntos formam os sistemas. A ecologia estuda as relações que vão além do organismo: populações, comunidades e ecossistemas.
-Populações: vários individuos da mesma espécie que vivem em uma mesma área e relacionam entre si.
-Comunidade: várias populações que habitam a mesma área.
-Ecossistema: várias comunidades que interagem; O ambiente físico está dividido em fatores abióticos (ar, luz, temperatura, tipo de solo etc) e fatores bióticos (seres vivos).
-Biosfera: conjunto de ecossitemas.

Cadeias e teias alimentares:
Há uma constante passagem de matéria e de energia pelos seres vivos de uma comunidade.
* Cadeia alimentar:
Na cadeia alimentar os organismos autotrófos produzem substâncias orgânicas pela fotossíntese, são chamados produtores. Os organismos que se alimentam dos produtores são os consumidores primários, estes servem de alimento para os consumidores secundários, estes são comidos pelos consumidores terciários e assim por diante.
Cada etapa da cadeia é chamada nível trófico. A matéria orgânica depositada no solo ou na água, como folhas, galhos, fezes, cadáveres são decompostos e assim os nutrientes ali presentes são devolvidos à natureza. Esta reciclagem é feita por bactérias e fungos, são os decompositores, o último nível trófico da cadeia. exemplo:
gramineas-herbivoro-carnívoro-decompositor

algas-protozoários-peixes-peixes-peixes-decompositores
produtor-consumidor1º-consumidor2º-consumidor3º-consumidor4º-decompositor
*Teia alimentar:
Como muitos animais possuem uma alimentação variada, alguns servem de alimento para mais de uma espécie.
Os animais onívoros, se alimentam de vegetais e animais, sendo assim, não se prendem a apenas um nível trófico.
Numa comunidade há um conjunto de cadeias interligadas. Exemplo:

*Fluxo de energia e de matéria:
A fotossíntese produz compostos orgânicos pela energia luminosa do sol, estes compostos são usados para as atividades celulares, parte sai na forma de calor e outra parte é armazenada.
Um organismo ao se alimentar da planta utiliza a energia armazenada por ela. Esta energia será usada para as atividades celulares, parte sai na forma de calor e parte é armazenada.
Em média, apenas 10% da energia de um nível trófico passa para outro, por isso uma cadeia alimentar tem no máximo cinco níveis tróficos.
Os resíduos voltam para a cadeia graças aos decompositores que reciclam os nutrientes.
.Pirâmides ecológicas:
-número: corresponde ao número de individuos de cada nível trófico numa determinada cadeia. Por exemplo, os predadores normalmente são maiores que as presas, mas em termos de quantidade existem mais presas que predadores. Mas esta situação pode se inverter, como no caso de parasitos que podem ser vários em um único individuo. Exemplo:
5000 pés de capim-700 gafanhotos-50 pássaros


Duas árvores-1000 insetos- 10 pássaros

.Biomassa: quantidade de matéria orgânica presente no corpo dos seres vivos de determinado nível trófico. A biomassa é expressa em peso seco. Exemplo: alfafa (8T) - bezerros (1T) - adolescente

.Energia: quantidade de energia em cada nível trófico. Nunca fica invertida. Exemplo:
produtores - consumidores primários - consumidores secundários

.Magnificação trófica: produtos não-biodegradáveis se acumulam no corpo dos seres vivos e vão passando pelos níveis tróficos. Exemplo: mercúrio é absorvido por algas, estas servem de alimento para os peixes e estes podem servir de alimento para o homem.

Sistema respiratório

O ar ao penetrar pelo nariz percorre o seguinte caminho: faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e alvéolos pulmonares, onde ocorre as trocas gasosas.
-Vias respiratórias:
Percebe odores, umidece, aquece e filtra o ar, o revestimento é formado por pêlos, cílios e muco que impedem a entrada de impurezas.
Na laringe estão as pregas vocais ou cordas vocais, responsáveis pelo som. A traquéi se ramifica formando os brônquios e estes se ramificam formando os bronquíolos.
-Pulmões:
Ocupam quase toda a caixa torácica, os pulmões são revestidos externamente por uma membrana dupla (pleura).
Nos alvéolos ocorre a hematose (troca de gases respiratórios, ou seja, sangue rico gás carbônico por sangue rico em gás oxigênio).
O ar entra e sai dos pulmões graças à contração e relaxamento do diafragma (músculo que separa  caixa torácica da cavidade abdominal).



- Transporte de gases:
A hemoglobina, pigmento encontrado nas hemácias, se liga a quato moléculas de gás oxigênio, levando-o até os tecidos.
Nos alvéolos a concentração de oxigênio é superior àquela nos capilares sanguíneos, assim o gás oxigênio passa para o sangue e se liga à hemoglobina.

Nos tecidos a concentração de oxigênio no interior das células é baixa, assim o gás oxigênio passa do sangue para as células.
O gás carbônico tem grande concentração no interior da célula, passando para o sangue. O transporte de gás carbônico, ocorre parte ligado na hemoglobina, parte dissolvido no plasma e a maior parte em forma de íons bicarbonato.
No pulmão o gás carbônico passa do sangue para o alvéolo.

-Fumo:
Destrói os alvéolos (enfizema);
Parte da hemoglobina fica inativa, pois o monóxido de carbono do cigarro se liga a ela;
O alcatrão tem substâncias cancerígenas;
Na gravidez o fumo diminui o suprimento de oxigênio para o feto;
A fumaça do cigarro prejudica a saúde daqueles que não fumam.

domingo, 29 de agosto de 2010

AS BASES DA HERANÇA E EVOLUÇÃO

          Com a redescoberta dos estudos de Mendel, os adeptos da genética mendeliana acreditavam que a única forma de ocorrer a evolução seria através de mutação, descartando a seleção natural neste processo.
A teoria sintética da evolução concilia as idéias de Darwin e de Mendel.
        Uma população apresenta determinado conjunto gênico, que pode ser alterado de acordo com fatores evolutivos. Quanto maior for o conjunto gênico de uma população maior será a variabilidade genética. Os principais fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto gênico da população podem ser:
- fatores que tendem a aumentar a variabilidade genética da população: mutação e permutação.
- fatores que atuam sobre a variabilidade genética já estabelecida: migração, deriva genética e seleção natural.
     A mutação pode ser cromossômica ou gênica. As cromossômicas podem ser de alterações no número ou na forma dos cromossomos. As mudanças gênicas originam-se de alterações na sequência de bases nitrogenadas de determinado gene durante a duplicação da molécula de DNA, pode ser por perda, adição ou substituição de nucleotídeos. 
      A permutação é a troca de partes entre cromossomos homólogos, estabelecem-se novas combinações entre os genes, aumentando ainda mais a variedade de tipos de gametas que podem ser produzidos.
                                                                                         
    A migração pode ser entrada (imigração) ou saída (emigração) de indivíduos em uma população. Oferece a introdução de novos genes em uma população. Por meio destas migrações é estabelecido fluxo gênico, que tende a diminuir as diferenças genéticas entre populações da mesma espécie.
   A seleção natural seleciona indivíduos mais adaptados a determinada condição ecológica. Quando se diz mais adaptado está se referindo a probabilidade de determinado indivíduo sobreviver e deixar descendentes em um determinado ambiente. A seleção natural atua permanentemente sobre todas as populações.
    Deriva genética - a alteração na freqüência dos genes é devida ao acaso e não por seleção natural. Catástrofes ambientais são exemplos de deriva genética, em que boa parte de uma população é dizimada, restando poucos indivíduos, com isso os genes desses indivíduos vão compor o novo conjunto gênico da nova população. Um caso particular de deriva genética é o princípio do fundador que se refere ao estabelecimento de uma nova população a partir de poucos indivíduos que emigram de uma população original.
                                                                                                             
Genética de população

Formulado em 1908 por Hardy e Weinberg diz que “em uma população infinitamente grande em que os cruzamentos ocorrem ao acaso e sobre a qual não há atuação de fatores evolutivos, as freqüências gênicas e genotípicas permanecem constantes ao longo das gerações”. O teorema tem a vantagem de estabelecer um modelo para o comportamento dos genes, podendo assim avaliar se uma população evoluiu.

Anagênese e cladogênese

São dois processos de especiação.

A anagênese compreende os processos pelos quais um caráter surge ou se modifica em uma população ao longo do tempo.

A cladogênese compreende processos responsáveis pela ruptura de coesão original de uma população, ocorre por deriva genética, barreiras geográficas e mutações.
Isolamento geográfico - é um mecanismo de especiação em que uma barreira geográfica como um rio ou uma montanha, separa uma população impedindo a troca de genes.
Isolamento reprodutivo – populações reprodutivamente isoladas. 
Os mecanismos de isolamento reprodutivo podem ser pré-zigóticos ou pós-zigóticos.




ADAPTAÇÃO DAS PLANTAS E ANIMAIS PARA A CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE

Fato marcante na evolução das plantas:
Evoluíram de algas verdes Chlorophyta, Charophyta.
Evidencias: clorofila a e b e B caroteno, parede celular de celulose, reserva de amido.
Essa combinação de características ocorre apenas nas algas verdes.
Grandes problemas iniciais deveriam ser enfrentados pelas plantas no novo ambiente:
Necessidade de água, meios de evitar a perda de água obtida, condução da água pelo corpo da planta, sustentação.
Modificações no esporófito:
Gametófito sustenta o esporófito
Gametófito reduzido - esporófito.
Sistema radicular:
As primeiras plantas possuíam rizóides, resolveu o problema de obtenção de água e nutrientes, exclusivo das plantas vasculares, fixação e absorção.
Algas possuem rizóides
Como evitar que a água absorvida seja perdida para o ambiente?
Cutícula: camada de cera, à prova d’água, impediu que a água absorvida pela planta fosse perdida para o meio ambiente.
Como trocar os gases necessários à respiração e fotossíntese?
Estômatos- poros especializados, nos caules e folhas. Permitiram a entrada de oxigênio e dióxido de carbono para respiração e fotossíntese das plantas.
Como fazer a água e os nutrientes alcançarem partes do corpo da planta distantes da base?
Sistema condutor- transporte de nutrientes e água, transporte dos alimentos fabricados nos órgãos fotossintetizantes.
Briófitas- pequenas, de ambientes úmidos, briófitas derivadas apresentam sistema condutor, mas análogos ao das plantas vasculares.
Sistema condutor simples – aumento da especialização
Permitiu às plantas terrestres atingirem grandes portes.
Como prover a sustentação do corpo nesse novo ambiente?
A habilidade de sintetizar lignina foi um passo importante para o estabelecimento e colonização do novo ambiente pelas planas terrestres.
Primeiras plantas- Cooksonia caledonica primeira planta a colonizar o ambiente terrestre, período Siluriano ca. 440 milhões de anos.
Rhynia gwynne 420 milhões de anos, período Siluriano médio.
Zosterophyllum 408 milhões de anos período Devoniano.
Psilophyton 395 milhões de anos, período Devoniano inferior.
Horneophyton lignieri
Uma característica importante para o sucesso da conquista do ambiente terrestre foi o desenvolvimento de esporos, que dava proteção, condições de tolerar períodos de seca, assim foi possível uma dispersão pelo vento.
Desidratação – surgimento da epiderme, súber e ritidoma.
Sustentação – caule, raiz, colênquima e esclerênquima.
Nutrição – vasos condutores, raízes, folhas.
Reprodução – esporângios e flores.
Respiração – estômatos, lenticelas e pneumatóforos.
Os vertebrados terrestres apareceram no Devoniano superior e se diversificaram durante o Carbonífero. A origem de Tetrápodes a partir de peixes Sarcopterygii se deu entre o Devoniano médio e superior. Características do crânio, dentes e membros são usadas para inferir sobre essa origem.
O próximo estágio na história dos Tetrápodes foi a irradiação em diferentes linhagens e diferentes tipos ecológicos durante o Paleozóico superior e o Mesozóico.
O ovo amniótico com suas membranas extra-embrionárias típicas é um caráter derivado compartilhado que distingue os não-amniotas dos amniotas. Os primeiros amniotas eram animais pequenos e seu aparecimento coincidiu com a principal irradiação dos insetos terrestres do Carbonífero.
Os invertebrados:
Gastrópodes e artrópodes – de todos os invertebrados terrestres, os que mais tiveram êxito foram os artrópodes, principalmente os insetos. Os gastrópodes possuem envoltórios calcários e são pulmonados. Os artrópodes apresentam exoesqueleto quitinoso e traquéias. O fóssil mais antigo encontrado é de um aracnídeo e data do Siluriano. O primeiro inseto com asas encontrado, data do Carbonífero.
Anfíbios
Devoniano superior – os primeiros anfíbios tinham problemas com a reprodução, retenção de água, respiração e locomoção. Provém de peixes com nadadeiras lobadas com ossos e musculatura interna, bexiga natatória como pulmão (Dipnóicos). Acredita-se que a procura de outros lagos em períodos de estiagem e fuga de predadores tenham conduzido os primeiros anfíbios e também nichos vazios, no período Carbonífero com grandes florestas e abundância de alimento. Os anfíbios tiveram grande desenvolvimento durante o Carbonífero (Ichthyostega) e Permiano, tendo seu declínio no final do Triássico devido a problemas como sua dependência de água para reprodução, pele fina, úmida e permeável aos gases e são amniotas. Com isso, estes animais não tiveram uma grande irradiação adaptativa.
Répteis
Surgem no Carbonífero superior com grande irradiação adaptativa no Permiano. Possuíam pele com carapaças, escamas e placas córneas, que auxiliam na impermeabilização, permitindo uma proteção contra o atrito durante a locomoção e para evitar que o ambiente seco, o vento e o sol desidratem o corpo. A respiração pulmonar possibilitou a respiração em ambiente gasoso. Apresentavam esqueleto mais forte, com sistema muscular mais complexo e sistema nervoso central mais desenvolvido. O desenvolvimento destes três sistemas possibilitou o equilíbrio e a sustentação do animal em ambiente terrestre. Os répteis possuem uma excreção urinária concentrada, esta adaptação se fez necessária para evitar a perda de grande quantidade de água. Eliminam principalmente ácido úrico, que é menos tóxico que a amônia e a uréia, podendo ser excretado sob forma de cristais insolúveis. A reprodução com fecundação interna, desenvolvimento direto, ovos com casca e anexos embrionários. A cópula pode ocorrer em ambiente aquoso ou terrestre. A desova ocorre no ambiente terrestre e os filhotes saem dos ovos com a forma adulta.

MEIO AMBIENTE E DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

           Até meados do século XX, as epidemias eram um fator comum na condição humana. Com o avanço da tecnologia e do conhecimento de varias doenças acreditou-se por um tempo que seria possível a erradicação de doenças infecciosas.
          Hoje percebe-se a emergência e re-emergência de determinadas doenças, muitas dessas tem no homem seu principal agente, devido aos avanços na qualidade de vida, aumento da população. O uso excessivo de antibióticos, pesticidas para combater os organismos nocivos é superestimado enquanto se ignora o ambiente, a capacidade de adaptação e evolução de outras espécies.
        A emergência de doenças é fator complexo, vários fatores devem ser alterados para sua ocorrência. As atividades humanas são os fatores mais proeminentes envolvidos no aparecimento de novas doenças infecciosas, assim como nas alterações de doenças infecciosas já conhecidas.
      Fatores sociais, econômicos, políticos, climáticos, tecnológicos e ambientais determinam o padrão e influenciam a emergência de doenças.
      A compreensão da emergência da doença requer olhar para além do organismo, sendo necessário observá-lo como um todo num contexto do ecossistema e da sociedade, uma perspectiva global é essencial.
      Doenças emergentes referem-se à doenças cuja incidência entre humanos tem aumentado nas duas últimas décadas ou tende a aumentar no futuro próximo. O termo re-emergente refere-se à doença que estava sob controle e que volta a causar epidemias.
      A maioria das infecções parece ser causada por patógenos já presentes no ambiente, que através de favorecimento seletivo, por alterações das condições do seu habitat, tem a oportunidade de infectar uma nova população hospedeira.
     A emergência de doenças é frequentemente acompanhada de alterações ecológicas causadas por atividades humanas, tais como praticas inadequadas de agricultura como o uso de sistemas de irrigação primitivos, desmatamentos e construção de barragens, permitindo a proliferação de vetores e hospedeiros reservatórios.
    Os movimentos das populações humanas, causados por guerras ou migrações, são frequentemente importantes na emergência de doenças. Em diversas partes do mundo, as condições econômicas encorajam a migração em massa de trabalhadores das áreas rurais para as cidades. Uma vez nas cidades, uma infecção recentemente introduzida pode espalhar-se pela população.
     Medidas de saúde pública e saneamento são formas de minimizar a disseminação de infecções, mas não de eliminar totalmente os patógenos, que podem permanecer em reservatórios, e esses patógenos podem re-emergir caso as medidas de controle e prevenção forem interrompidas.
    As condições de saúde pública estão atreladas à fatores do meio ambiente, seja em função das relações entre os elementos naturais e o ciclo de vida dos agentes ou das ações antrópicas que facilitam sua proliferação.
    A transmissão e a manutenção de uma doença na população humana é resultante do processo interativo entre o agente, o meio e o hospedeiro. O agente é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença, pode ser biológico (bactérias, protozoários), nutritivo, químico (medicamento, veneno), físico (fogo, trauma), o hospedeiro é o organismo capaz de ser infectado por um agente e ambiente é o conjunto de fatores bióticos e abióticos que interagem com o hospedeiro e o agente.
      O ambiente que interage com o hospedeiro e o agente pode ser classificado em biológico, social e físico.
               O meio biológico: inclui reservatórios de infecção, vetores, plantas e animais.
               O meio social: organização política e econômica
        O meio físico: situação geográfica, recursos hídricos, poluentes, temperatura, umidade, variáveis climáticas.
       As doenças infecciosas podem ser classificadas de acordo com a forma de disseminação, ciclo dos agentes infecciosos na natureza.
A forma de disseminação pode ser:

- Veículo comum, onde o agente é transmitido por fonte única, como água, alimentos e ar.

-Propagação de pessoa a pessoa – contato entre indivíduos infectados e suscetíveis ou por vetores.

-Porta de entrada no hospedeiro – trato respiratório, gastrintestinal, cutâneo.

Ciclo dos agentes infecciosos:

- O agente utiliza um único hospedeiro e este passa a doença para outro.

- O agente utiliza mais de um hospedeiro, e usa a cadeia alimentar para completar seu ciclo.

Os parasitos que usam um único hospedeiro podem usar estratégias como cistos para alcançar o hospedeiro, podem ser passados de um hospedeiro a outro por secreções, água e alimentos contaminados.
A ecologia e o comportamento do parasito são importantes para que complete seu ciclo. A infecção pode ser:

-Ativa: penetração dos estágios infectantes pela pele do hospedeiro.

-Passiva: pela ingestão de formas encistadas juntamente com alimento e água.

A dispersão das formas infectantes para fora ou dentro da área populacional. As estratégias de dispersão podem ocorrer de duas formas:

-Estratégia r: o parasito investe em uma dispersão no espaço, assim o parasito coloca muitos ovos pequenos. Essa forma de dispersão ocorre em locais onde a ocorrência do hospedeiro é pequena.

-Estratégia k: o parasito investe em uma dispersão no tempo, assim os ovos são poucos e grandes. São encontrados em ambientes de grande densidade populacional, onde ocorre grande competição entre os estágios.

Nos parasitos que tem formas que ficam no ambiente, o comportamento das mesmas é importante para o sucesso da espécie. Assim, as formas chamadas de vida livre, que são estágios de larva, não se alimentam, tem reserva energética, alguns estágios possuem grande atividade (cruzador), onde os parasitos buscam os hospedeiros com baixa movimentação, por exemplo, Schistosoma mansoni, que utiliza essa estratégia para buscar o hospedeiro intermediário. Outros parasitos são completamente passivos (emboscador), esta estratégia é usada para formas que infectam hospedeiros que se movimentam ativamente, por exemplo, Ascaris lumbricoides.
Os estágios de resistência são usados pelos parasitos como uma forma de dar continuidade ao ciclo, estes estágios podem ser ovos, cistos, oocistos ou estágios larvais.

Outras estratégias usadas para aumentar as chances de localização do hospedeiro são:

-emergência rítmica: o tempo de emergência ou eclosão dos estágios infectantes pode coincidir com um período no comportamento do hospedeiro em que este pode estar mais vulnerável ao parasito.

-comportamentos especiais de estágios infectantes como fototaxia, geotaxia, respostas a sombra e perturbações mecânicas.

O reconhecimento do hospedeiro é feito por:

-quimiorientação

-quimiotaxia: orientação direcionada num gradiente de estímulos.

-quimiocliocinese: movimentos aleatórios a uma fonte de estimulo.

BIOTECNOLOGIA: ORGANISMOS TRANSGÊNICOS.

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Hoje estão disponíveis métodos para se manipular o DNA eucariótico em vetores microbianos, mudar pares de bases específicos em um gene e reintroduzir o DNA em organismo eucarionte de onde ele veio. A biotecnologia é a aplicação das técnicas de DNA recombinante aos animais, plantas e microrganismos, comercialmente importantes. Os organismos transgênicos modificados pela inserção de DNA exógeno específico passaram a ter um lugar central na genética molecular, pois permitem modificações altamente específicas no genoma, ajustáveis às necessidades do pesquisador.
         A terapia gênica humana é uma aplicação especial da tecnologia transgênica, a terapia germinativa objetiva incorporar algumas células transgênicas a linhagem original de modo que ela pode ser passada para os descendentes e a terapia somática introduz células geneticamente modificadas ao corpo.
         A biotecnologia é o estudo das técnicas e dos processos biológicos associados a obtenção de produtos de interesse humano, através da modificação de organismos.
         O uso da biotecnologia pelo homem era feita antes mesmo de conhecer os microrganismos. A confecção de pão e a produção de vinho são exemplos do uso de microrganismos para fabricação de alimentos. O conhecimento dos organismos e o aperfeiçoamento de técnicas auxiliaram o homem no desenvolvimento de produtos agropecuários e farmacêuticos.
         O DNA recombinante é hoje uma das tecnologias mais estudadas, através de enzimas de restrição é possível seccionar o DNA em pontos específicos e inserir o DNA de outro organismo, formando assim um DNA recombinante, ou seja, um DNA resultante da “soldagem” de materiais genéticos de seres de diferentes espécies.
         A enzima de restrição é uma enzima produzida por algumas bactérias para defesa contra vírus, fragmentando o material genético do vírus.
         O geneticista Paul Berg, em 1970, desenvolveu essa técnica, valendo-lhe o Nobel de química em 1980.
         No processo de obtenção de DNA recombinante as bactérias Escherichia coli são as mais usadas, essa bactéria possui além do DNA cromossômico, moléculas menores de DNA chamadas plasmídeos. Estes são isolados e seccionados com enzimas de restrição e em seguida ocorre a inserção de um DNA “estrangeiro” no plasmídeo, formando o DNA recombinante que é então inserido em uma bactéria e esta passa a produzir determinada substancia desejada.
         As bactérias geneticamente modificadas tem sido muito utilizadas para a produção de vacinas, anticorpos e hormônios de interesse para o homem.
         Os seres transgênicos são aqueles que recebem e incorporam genes “estrangeiros” no seu material genético. Hoje não só bactérias são modificadas, mas também plantas e fungos são usadas para estudo do DNA recombinante.
         As plantas transgênicas são cultivadas e comercializadas trazendo alguns benefícios como serem mais resistentes a pragas, reduzindo o uso de produtos químicos, reduzindo a contaminação do solo e lençóis freáticos, aumento da produtividade agrícola.
         Tem-se questionado o uso de alimentos transgênicos devido ao pouco conhecimento do mesmo relacionado ao efeito em nosso organismo, como também o impacto ambiental que pode ser gerado.
         A aplicação de transgênicos vai alem da produção de substancias produzidas para uso farmacêutico. A terapia gênica é outra técnica usada com o beneficio do DNA recombinante.
         A terapia gênica consiste em eliminar genes deletérios ou inserir genes normais em células de pessoas portadoras de genes responsáveis por determinadas doenças.
         Em 2001, cientistas norte-americanos anunciaram a produção do primeiro primata transgênico. Outros animais já foram produzidos como roedores, cabras, porcos e ovelhas, mas o sucesso da produção de um primata vem do fato de ser um animal mais aparentado com o homem, tornando possível o desenvolvimento de genes humanos em outros primatas possibilitando o estudo de doenças como Alzheimer e Parkinson.  


REPRODUÇÃO SEXUADA, ASSEXUADA E A VARIABILIDADE GENÉTICA

                  Reprodução assexuada: é um mecanismo em que um único indivíduo origina outro sem a produção de gametas, ou seja, sem troca de material genético. É freqüente em organismos unicelulares. A reprodução neste caso ocorre por mitose (exceto nos procariontes), assim os indivíduos originam indivíduos idênticos (clone). A vantagem de uma reprodução assexuada é a rapidez com que são originados novos descendentes. Pode ocorrer de várias formas:
              
1) cissiparidade ou divisão binária simples: processo em que um organismo se divide em duas partes iguais
                                                                                                                      
2) gemiparidade ou brotamento: o organismo emite um broto em uma parte do corpo que forma um novo organismo idêntico geneticamente. O broto pode se destacar do indivíduo ou pode ficar preso no corpo e assim formar colônias.
                                                                                                         
3) propagação vegetativa: reprodução assexuada de plantas, que por meio do corpo vegetativo, que são mudas, formam novos indivíduos idênticos. No caule encontram-se as gemas que são portadoras de tecidos meristemáticos, que têm capacidade proliferativa.
                                                                                                    
4) fissão ou fragmentação: ocorre quando o corpo parte-se em dois ou mais pedaços, cada pedaço regenera por mitose a parte perdida.
                                                                                              
A desvantagem da reprodução assexuada é o fato de todos os organismos serem idênticos.
Nos procariontes a divisão celular não ocorre por mitose, é mais simples. A célula se alonga e o material genético se duplica, a célula continua se alongando e ocorre invaginação da membrana na região mediana, separando as duas células-filhas.
Na reprodução assexuada, os descendentes apenas serão diferentes se houver mutação.

. Reprodução sexuada: são originados filhos com variedade genética. A meiose que é a forma de divisão das células que originam os gametas os faz geneticamente diferenciados.
Uma vantagem evolutiva é o fato de conferir proteção contra mudanças ambientais. 
         Na reprodução sexuada a fecundação é o processo de união dos gametas. Esta pode ser externa, onde os gametas são depositados na água, ou interna, os gametas masculinos são lançados no interior do sistema reprodutor feminino.

1) hermafroditismo: um indivíduo possui os dois órgãos sexuais, podendo autofecundar-se, mas normalmente ocorre a fecundação cruzada.

2) partenogênese: um indivíduo é formado apenas pelo gameta feminino.
Na reprodução sexuada os descendentes se assemelham aos pais, mas não são idênticos a eles. A variabilidade se dá pela meiose e pela fecundação.
                                                                                                         
Na maioria das espécies a função reprodutiva está dividida entre dois sexos. A reprodução sexuada envolve a produção de gametas masculino e feminino com número cromossômico haplóide. Estes gametas se unem para formar o zigoto, que inicia uma nova geração. Os gametas haplóides são formados por meiose na qual o número de cromossomos é dividido ao meio e os conjuntos maternais e paternais de genes são combinados.
                A reprodução sexuada aumenta a variabilidade da sua prole, o que aumenta a probabilidade de adaptação de pelo menos parte dos filhotes a diversas condições ambientais. Equilibrando estas vantagens potenciais nas espécies com sexos separados está o assim chamado custo da meiose, onde as fêmeas sexuadas passam somente metade dos genes para sua prole, quando comparado com os indivíduos que se reproduzem assexuadamente.

Uma hipótese alternativa para a manutenção do sexo é a da rainha vermelha, que estabelece que a produção de filhotes variados geneticamente retarda o desenvolvimento de virulência e de patógenos.

Tanto a reprodução sexuada quanto a assexuada são estratégias de vida viáveis. Na reprodução assexuada os genes se propagam mais rapidamente do que na reprodução sexuada, mas a reprodução sexuada compensa este fator formando indivíduos diferentes quando o ambiente em que vivemos está em constante mudança.

EVOLUÇÃO: EVIDENCIAS E TEORIAS

              Até meados do século XIX acreditava-se que as espécies eram imutáveis, princípio chamado fixismo. A partir do século XX a evolução passou a ser mais aceita e é hoje o eixo central da biologia.

Evidências evolutivas:

Estruturas análogas são aquelas que apresentam a mesma função, mas não derivam de modificações de estruturas semelhantes em um ancestral comum, nem apresentam a mesma origem embrionária. Este tipo de semelhança não é usada para estabelecer relações de parentesco. As estruturas análogas são frutos do que se chama evolução convergente, em função da adaptação a uma condição ecológica semelhante. Determinadas estruturas evoluem independentemente em dois ou mais grupos de seres vivos que não possuem um ancestral comum.

Estruturas homólogas são aquelas que derivam de outras já existentes em um mesmo ancestral comum exclusivo, podendo ou não estar modificadas para exercerem uma mesma função.

A divergência evolutiva se refere a estruturas com mesma origem embrionária, mas que desempenham funções distintas.
Estudos de relação de parentesco evolutivo consideram apenas caracteres homólogos. Estes caracteres podem ser plesiomórficos, que ocorrem em um grupo ancestral ou derivado (apomórfico) que corresponde a uma modificação da forma plesiomórfica. As condições derivadas são usadas para definir relações evolutivas entre grupos de seres vivos, deste modo apenas as sinapomorfias (caracteres apomórficos compartilhados) devem ser usadas para definir os grupos monofiléticos e, consequentemente delimitar grupos taxonômicos.

- Órgãos vestigiais – são órgãos que em alguns organismos são reduzidos e geralmente sem função, mas que em outros organismos exercem função definida. A importância evolutiva destes órgãos é a indicação de parentesco evolutivo.

- Estudo dos fósseis – é considerado fóssil qualquer indício da presença de organismos que viveram em tempos remotos na Terra.
Partes duras dos organismos, partes congeladas, impressões como pegadas, impressões de folhas, de penas de aves extintas. O estudo dos fósseis nos permite conhecer organismos que viveram na Terra em tempos remotos. Muitas vezes estudar características do ambiente em que viveram e assim fornecer indícios de parentesco com espécies atuais.

- Evidências moleculares – todos os seres vivos constituídos de células possuem como material genético o DNA, onde estão contidos os genes. O RNA é uma molécula transcrita de DNA e que pode ser traduzida em proteínas, portanto o DNA, RNA e proteínas são moléculas presentes em todos os seres vivos que surgiram na Terra. Modificações ocorreram ao longo do processo evolutivo permitindo uma variabilidade de seres vivos. A comparação de bases nitrogenadas do DNA, do RNA ou de proteínas de diversos organismos permite estabelecer um grau de proximidade entre eles. Quanto maior a semelhança nas bases nitrogenadas ou entre proteínas, maior a proximidade evolutiva.

Teorias evolutivas

- Lamarckismo – Lamarck (1744-1829) postulou que as espécies evoluíam e que as mudanças ocorridas se deviam a dois fatores:
 .o uso e o desuso, que determinava que o uso de um órgão faria com que ele se desenvolvesse e o desuso faria com que este se atrofiasse.
 .a lei dos caracteres adquiridos afirma que uma característica adquirida por um organismo através do uso e desuso era passada aos descendentes.
Sabe-se hoje que as características de um indivíduo estão em seus genes e estas apenas são transmitidas pelos gametas. Para que uma característica adquirida seja herdada, seria preciso haver uma mutação nos genes dos gametas.
Apesar das teorias de Lamarck terem sido refutadas, merece crédito, pois foi um dos primeiros cientistas que defendeu a evolução e tentou apresentar um mecanismo para explicá-la.
Lamarck considerava que as modificações ocorridas deviam-se a alterações ambientais, ele introduziu também o conceito de adaptação dos organismos ao meio.

- Darwinismo – Charles Darwin durante suas viagens observou espécies que diferiam 
ligeiramente uma das outras. Darwin passou anos avaliando determinadas características das espécies e relacionando suas variações. Após a leitura de Malthus sobre populações, concluiu que os indivíduos com mais oportunidades de sobrevivência seriam aqueles cujas características fossem mais apropriadas para enfrentar as condições ambientais.
Assim, surgiu o conceito de seleção natural, que explica que ao longo de gerações, indivíduos de uma espécie são selecionados por apresentarem características que os tornam mais aptos a sobreviverem em determinado ambiente. A seleção natural é um processo lento e longo.
O mecanismo da evolução por seleção natural se dá da seguinte forma:

- Em uma mesma espécie existem indivíduos com variações na forma e na fisiologia.

- Boa parte destas variações é transmitida aos descendentes.

- Como os recursos naturais são limitados, indivíduos de uma mesma população lutam por sua sobrevivência.

- Apenas os mais aptos sobrevivem e deixam descendentes.
O principal problema da teoria de Darwin foi não conseguir explicar como estas características eram transmitidas.
Para Darwin o ambiente atua selecionando características favoráveis, enquanto para Lamarck o ambiente atua modificando as características.

- Teoria sintética da evolução ou neodarwinismo – contribuiu para explicar de forma mais abrangente a evolução. Segundo esta teoria a evolução ocorre pela ação de vários fatores, como a seleção natural, mutação, migração.
A redescoberta em 1900 das leis de Mendel ajudou a explicar como as características eram passadas para a descendência.

- Mutação: mudança em uma sequência de bases nitrogenadas do DNA. A mutação pode ser provocada por um defeito no mecanismo de duplicação do DNA ou por fatores ambientais.
As mutações podem alterar genes isoladamente ou pedaços de cromossomos modificando sua sequência. As mutações só são transmitidas quando ocorrem nos gametas. O processo de mutação é raro e sua freqüência é baixa na população.

- Reprodução sexuada: favorece uma variabilidade genética ao recombinar os genes, não há criação de novos genes. Ao produzir indivíduos diferentes, ocorre um favorecimento para a seleção natural.

- Seleção sexual: características selecionadas que favorecem indivíduos na reprodução.

- Especiação: formação de novas espécies devido à processos que impedem os indivíduos de reproduzirem entre si, ocorrendo um isolamento reprodutivo. O isolamento geográfico pode levar a um isolamento reprodutivo, conseqüentemente impedindo o fluxo gênico.

Mecanismos de isolamento reprodutivo:

Pode ser pré-zigótico (impede o encontro dos gametas) ou pós-zigótico (impede a viabilidade ou desenvolvimento dos descendentes).

- Pré-zigótico:
. isolamento estacional ou temporal – períodos de reprodução diferentes.
. isolamento comportamental – rituais de acasalamento diferentes.
. isolamento ecológico – diferentes microambientes.
. isolamento mecânico – órgãos genitais diferentes, impedindo o encaixe.
. isolamento gamético – incompatibilidade entre os gametas.

- Pós-zigóticos:
. inviabilidade do híbrido – o embrião não completa seu desenvolvimento ou morre antes de atingir a idade de reprodução.
. esterilidade do híbrido – incapacidade produzir gametas funcionais.

REGULAÇÃO TÉRMICA NOS ORGANISMOS


O organismo mantém uma troca continua de calor com o ambiente no seu entorno. O balanço de calor de um determinado organismo inclui diversas vias de ganho e perda de calor.
-Radiação: absorção ou emissão de energia. As fontes de radiação no ambiente incluem o Sol, o céu (luz difundida) e a paisagem (que irradia o calor que ela absorve do Sol).
-Condução: transferência da energia cinética do calor entre substancias em contato uma com a outra. A água, por ser mais densa que o ar, conduz o calor 20 vezes mais rápido do que o ar.
-Convecção: movimento do calor em líquidos e gases em temperaturas diferentes.
-Evaporação: afeta o movimento do calor.
         Todos os ganhos e perdas de calor de um organismo constituem seu balanço térmico.
         A radiação, convecção e a condução podem tanto adicionar quanto remover calor dos organismos.
         A evaporação e o metabolismo influenciam a temperatura do corpo, o balanço de calor está ligado aos balanços de água, alimento e sais do organismo.
         A radiação, condução, convecção e a evaporação determinam o ambiente térmico dos organismos, especialmente nos habitats terrestres. No ar parado, os organismos são envolvidos por camadas limite que impedem a troca de calor e vapor d’água com o ambiente.
         Temperaturas mais altas geralmente aumentam a taxa de processos biológicos. Uma energia térmica mais alta também faz com que as proteínas e outras moléculas biológicas se desdobrem e percam sua função, estabelecendo um limite superior para a tolerância à temperatura.
         A maior parte dos organismos não pode sobreviver a temperaturas muito superiores a 45ºC, exceto alguns organismos, como as bactérias termofílicas que crescem em fontes de água quente, até 110ºC. Elas toleram estas temperaturas porque suas proteínas são quimicamente projetadas para gerar poderosas forças de atração que mantêm as moléculas unidas.
         Nos ambientes frios, os organismos resistem a temperaturas congelantes mantendo metabolicamente as temperaturas corporais elevadas pela redução do ponto de congelamento de seus fluidos corporais com glicerol ou glicoproteinas, ou pelo super resfriamento de seus fluidos corporais.
         A manutenção de condições internas constantes, chamada de homeostase, depende de respostas de retroalimentação negativa. Os organismos sentem as variações em seus ambientes internos e respondem de forma a retornar aquelas condições ao ponto de funcionamento.
         A homeostase consome energia quando um gradiente entre as condições internas e externas precisa ser mantido. Por exemplo, endotérmicos devem gerar calor metabolicamente para contrabalançar a perda de calor para as suas vizinhanças mais frias.
         O oxigênio se difunde muito lentamente para atingir os tecidos a mais do que um milímetro da superfície do organismo. Os grandes animais resolveram esse problema conduzindo ar diretamente até os tecidos através  de um sistema traqueal multirramificado (insetos) ou transportando oxigênio difundido em fluidos circulantes através do corpo. As proteínas agregadoras de oxigênio, como a hemoglobina, servem de compensação para a baixa solubilidade do oxigênio na água.
         A assimilação de oxigênio por organismos aquáticos é grandemente facilitada por uma circulação contracorrente de sangue através das brânquias numa direção oposta àquela da água que flui pelas superfícies externas das brânquias. Desta forma, a circulação contracorrente mantém altos gradientes de concentração de oxigênio da água circundante. Os arranjos contracorrente são também usados para reter calor dentro do corpo.
         A maioria dos organismos funciona melhor dentro de um intervalo estreito de condições ambientais. Esses ótimos podem ser deslocados pela evolução para combinar melhor com as condições ambientais dentro das quais o organismo vive. Isto é frequentemente executado pela alteração da estrutura  e pela quantidade das enzimas responsáveis pelo controle dos processos metabólicos.
         Acima de tudo, a adaptação ao ambiente físico depende de realizar compromissos entre funções opostas para aumentar tanto as chances de sobrevivência do individuo quanto sua produtividade num determinado ambiente.
         Os vertebrados, assim como outros organismos, são principalmente compostos por água. Solutos inorgânicos e orgânicos estão dissolvidos na água e os complexos processos bioquímicos que tornam os organismos auto-sustentáveis requerem regulação do conteúdo de água e das concentrações de solutos em seus tecidos e em suas células.
         A desaminação de proteínas durante o metabolismo produz amônia que é tóxica. Os organismos desenvolveram formas de eliminar os excretas nitrogenados. A amônia por ser solúvel em água é a forma como é eliminada por vertebrados aquáticos. Os vertebrados terrestres precisam eliminar estes excretas de outra forma, já que não possuem água suficiente a disposição.
         Os mamíferos convertem amônia em uréia, que não é tóxica e é muito solúvel, com isso eles eliminam a uréia sem perder excesso de água.
         Organismos também podem eliminar os excretas em forma de acido úrico, este não é muito solúvel e se combina com íons para formar sais de urato que se precipitam na cloaca, assim a uricotelia é muito econômica em termos de água.
         A temperatura afeta os processos bioquímicos que sustentam os vertebrados, sendo os mecanismos termorreguladores muito comuns.
         Alguns peixes e anfíbios mantêm uma diferença de temperatura entre seus corpos e a água ao seu redor. Atuns e tubarões nadam rapidamente, apresentando temperaturas em seus músculos que estão 10ºC ou mais acima da temperatura da água.
         Os vertebrados terrestres tem a capacidade de regular a temperatura de seu corpo. Os ectotermos dependem de fontes externas de calor para sua termorregulação, equilibrando o calor ganho e perdido por meio de radiação, condução convecção e evaporação. Os endotermos usam calor produzido metabolicamente e manipulam sua exposição ao Sol para equilibra as taxas de produção e perda de calor.
         A termorregulação endotérmica confere uma considerável independência das condições ambientais, mas é energeticamente cara.

CORPO HUMANO: SISTEMA DIGESTÓRIO E SUAS FUNÇÕES

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O tubo gastrintestinal fornece ao organismo um suprimento continuo de água, eletrólitos e nutrientes. Para isso é necessário mover o alimento ao longo do tubo digestório, secretar sucos digestivos e digerir o alimento, absorver os produtos da digestão, absorver água e os eletrólitos, circulação de sangue pelos órgãos gastrintestinais para o transporte de substâncias absorvidas e o controle dessas funções pelo sistema nervoso e sistema hormonal. Os alimentos de que depende o organismo, são formados por diversos nutrientes, estes podem ser inorgânicos como, água e sais minerais, que por serem moléculas pequenas não sofrem o processo de digestão, os nutrientes orgânicos são os carboidratos, lipídeos, proteínas, e por serem moléculas grandes precisam passar pelo processo de digestão, para serem quebrados em moléculas menores que serão absorvidas pelo tubo gastrintestinal.
         Os carboidratos são formados pelas seguintes moléculas:

  • Monossacarídeos: glicose, frutose, galactose

  • Dissacarídeos: maltose (glicose+glicose); sacarose (glicose+frutose); lactose (glicose+galactose).

  • Polissacarídeos: amido, celulose, glicogênio.

         Os polissacarídeos são formados por longas cadeias de monossacarídeos ligados entre si pelo processo de condensação.
         O processo de condensação consiste na remoção de um íon hidrogênio de uma molécula e um íon hidroxila de outra molécula, ligando as duas moléculas no local da remoção dos íons, estes íons formam uma molécula de água.
         Os lipídeos são formados por moléculas de acido graxo e glicerol, que são suas menores moléculas.
         Os triglicerídeos são os lipídeos mais comuns nos alimentos. Outros lipídeos encontrados são os fosfolipídeos, ésteres de colesterol. O processo de condensação une as moléculas menores formando as longas cadeias.
         Os aminoácidos são as menores moléculas que formam as proteínas; a forma de união entre aminoácidos são ligações peptídicas, pelo processo de condensação.
         Quando os nutrientes são digeridos a moléculas menores, enzimas específicas devolvem os íons hidrogênio e hidroxila às moléculas, separando-as por hidrólise.
No sistema digestório humano a digestão ocorre de forma extracelular através de dois mecanismos: 

  1. Mecânico: processo de mastigação, deglutição, movimento peristáltico e defecação.


Movimentos do tubo gastrintestinal:
Ocorrem dois tipos de movimentos, o propulsivo, que impele o alimento ao longo do tubo, e o movimento de mistura que mantém o conteúdo sempre misturado.
Movimento propulsivo- peristaltismo: uma anel contrátil aparece em torno do tubo, movendo-se para adiante, o processo é análogo à colocar os dedos ao redor de um tubo, apertando-o e movendo para frente ao longo do tubo.
Movimento de mistura: este movimento é diferente nas diversas partes do tubo alimentar, sendo que o movimento peristáltico auxilia na mistura.
Transporte e mistura do alimento no tubo digestório:
Para que ocorra um bom aproveitamento do alimento no tubo digestivo, o tempo em que ele deverá permanecer em cada órgão é muito  importante.

  • Ingestão do alimento- a quantidade de comida é determinada principalmente pelo desejo de comer, a fome.

  • Mastigação- os dentes possuem forma determinada para a mastigação. A mastigação ajuda a digestão dos alimentos pela seguinte razão: as enzimas digestivas só atuam sobre a superfície das partículas alimentares, a velocidade da digestão depende da área total da superfície exposta às secreções. A trituração do alimento até partículas muito finas evita a escoriação do tubo gastrintestinal e aumenta a facilidade com que o alimento é lançado do estômago para o intestino delgado.

  • Deglutição- pode ser dividida em

       Fase voluntária: que inicia o processo de deglutição, a língua ajuda a empurrar o alimento.
       Fase faríngea: que é involuntária e consiste na passagem do alimento pela faringe até o esôfago, inclui o fechamento da traquéia, a abertura do esôfago e o aparecimento de onda peristáltica rápida que se origina na faringe, forçando o bolo alimentar para o esôfago superior. Todo o processo ocorre de um a dois segundos.
        Fase esofágica: também involuntária que promove a passagem do alimento para o estômago. 
        2.  Químico: participação de enzimas digestivas, transformando os alimentos; insalivação, quimificação, quilificação.



Funções secretoras do tubo alimentar
As glândulas secretoras desempenham em todo o trato gastrintestinal duas funções primarias:
   Secretar as enzimas digestivas
   Produzir muco pelas glândulas mucosas, para a lubrificação e proteção de todas as partes do tubo.
         O muco é uma secreção espessa composta principalmente por água, eletrólitos e uma mistura de várias glicoproteinas. O muco tem a capacidade de permitir o fácil deslizamento do alimento ao longo do tubo e de impedir qualquer escoriação ou lesão química do epitélio.
Partes do sistema digestório
O sistema digestório apresenta o canal alimentar e os órgãos anexos.
Canal alimentar:
     Boca - apresenta dentes, língua e glândulas salivares. Na boca ocorre a produção da amilase salivar que tem como função quebrar o amido em moléculas menores.
       Faringe e esôfago – canais que levam o alimento para o estômago. A faringe é comum aos sistemas digestório e respiratório, durante a deglutição uma válvula chamada epiglote fecha a entrada da laringe.
    Estômago – o alimento permanece neste órgão por até quatro horas. O estômago é uma bolsa muscular. No estômago é produzida a pepsina, que atua num pH ácido, essa acidez é proporcionada pelo ácido clorídrico produzido no estômago. A digestão das proteínas tem início no estômago. O alimento é transformado em uma massa branca, o quimo.
As funções motoras do estômago são três:
    Armazenar grandes quantidades de alimento até que possam ser acomodadas no duodeno;
    Misturar o alimento com as secreções gástricas até formar uma mistura semi-líquida, denominada quimo;
    Esvaziamento lento do alimento do estômago  para o intestino delgado.
         Do ponto de vista fisiológico, o estômago pode ser dividido em duas partes principais, corpo e antro.
         Os sucos digestivos do estômago são secretados pelas glândulas gástricas, que recobrem quase toda a parede do seu corpo.
As secreções gástricas do estômago são:
As células secretoras de muco revestem toda a superfície do estômago. Alem das secretoras de muco, a mucosa gástrica apresenta as glândulas gástricas que secretam acido clorídrico, pepsinogênio e muco e as glândulas pilóricas que secretam principalmente muco.
Secreção e ativação do pepsinogênio – quando são inicialmente secretados, eles não possuem qualquer atividade digestiva. Entretanto, logo que entram em contato com o ácido clorídrico, são imediatamente ativados, resultando na formação de pepsina ativa. A pepsina é uma enzima proteolítica ativa em meio altamente ácido.
    Intestino delgado – tubo onde ocorre a absorção do alimento. É dividido em duodeno, jejuno e íleo. No intestino delgado ocorre o final da digestão e a absorção dos nutrientes. As enzimas produzidas no intestino são chamadas suco entérico e juntamente com o suco pancreático e a bile digerem o alimento permitindo que sua absorção seja realizada. As células epiteliais da mucosa contém enzimas que incluem peptidases, que atuam nos peptídeos quebrando-os em aminoácidos. Enzimas para o desdobramento dos dissacarídeos em monossacarídeos, lípases intestinais que atuam nas gorduras neutras separando-as em glicerol e ácido graxo. O intestino delgado apresenta contrações de mistura e propulsivas.
   Intestino Grosso – tubo onde ocorre a reabsorção de água e sais minerais, formação das fezes. É dividido em ceco, cólon e reto. No intestino grosso as secreções consistem predominantemente em muco, que protege a parede contra escoriações, proporciona um meio aderente para manter a substância fecal unida, protege a parede intestinal do grande número de bactérias existentes no interior das fezes. O cólon absorve água, eletrólitos, armazena material fecal.

  • Órgãos anexos:

    Língua – órgão muscular com papilas gustativas.
    Dentes – trituram e cortam o alimento. Na infância temos 20 dentes, chamados dentes de leite, os permanentes são 32. O formato dos dentes tem relação com sua função.
        ðIncisivos – oito, cortam frutas e legumes.
        ðCaninos – quatro, furam e rasgam a carne.
        ðPré-molares – oito, trituram o alimento.
        ðMolares – doze, trituram o alimento.
Os dentes são constituídos por polpa, dentina e esmalte.                                                                                                      
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          
Estrutura dos dentes
                                  - Raiz: presa ao osso;
                                  - Coroa: parte visível;
                                  - Colo: parte entre a raiz e a coroa.


    Glândulas salivares – auxiliam na digestão do amido na boca, apresentam enzimas (amilase salivar) e alguns sais que ajudam a manter o pH da boca entre seis e sete. As principais glândulas da salivação são as parótidas, submandibulares e as sublinguais.
    Pâncreas – glândula mista, tem função de auxiliar a digestão produzindo suco pancreático, constituído de enzimas, que é lançado no duodeno. A outra função do pâncreas não tem relação com a digestão, produção de hormônios que são lançados na corrente sanguínea. O suco pancreático contêm enzimas para a digestão dos três principais tipos de alimentos: proteínas, carboidratos e gorduras. Além disso, contém grandes quantidades de íons bicarbonato que desempenham importante papel na neutralização do quimo ácido esvaziado pelo estômago no interior do duodeno.
         As enzimas proteolíticas mais importantes são: tripsina, quimiotripsina e a carboxipolipeptidase. A enzima digestiva para carboidratos é a amilase pancreática e para a gordura é a lípase pancreática, a fosfolipase separa os ácidos graxos dos fosfolipídeos e a colesterol esterase que provoca a hidrolise dos ésteres de colesterol.
    Fígado e vesícula biliar – o fígado atua na digestão produzindo a bile que fica armazenada na vesícula biliar, durante o processo de digestão no intestino delgado ela é lançada para a luz intestinal auxiliando na digestão da gordura. A bile não possui enzimas, mas desempenha papel na digestão e absorção das gorduras. Os ácidos biliares contidos na bile ajudam a emulsificar as grandes partículas gordurosas em partículas menores que podem ser atacadas pelas lípases, e a bile ajuda no transporte e absorção dos produtos finais da gordura digerida através da membrana intestinal.  
†Enzimas: são proteínas que atuam como catalisadoras, acelerando os processos de reações químicas, as reações catalisadas por enzimas se caracterizam pela formação de um complexo enzima-substrato, diminuindo a energia de ativação da reação com o propósito de aumentar sua velocidade.